terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Seu Eli, dono de um saber, senhor de uma arte 
 
O (TALVEZ) ÚNICO,
O (TALVEZ) ÚLTIMO
ALFAIATE DO GARANHUNS
 
 
- Faz tempo que o senhor trabalha aqui?
- Nesse ponto, 23 anos...
- Vai parar quando?
- Só  largo isso aqui quando eu morrer!
- Por quê ?
- Porque alfaiate novo não  tem mais não!
 
 
 

PS Gosto dos domingos. Domingos são dias tampões. Eles separam um sábado sujo de uma segunda-feira mais suja ainda. Garanhuns é assim, a semana toda a cidade vive entullhada de lixo, carros estacionados sobre as calçadas, trânsito mortal de motos, camêlos vendendo de um-tudo em todos os lugares - verdadeira sucursal do inferno. A coisa piora quando se toca para a parte mais antiga do centro. Aparenta ser 'mais antiga' ainda que se adivinhe sucessivas descaracterizações, e também o gigantismo e o desordenamento das placas comerciais não deixem nada se desnudar nas fachadas dos prédios para se fazer o tira-teima sobre a velhice do lugar; mas o fato de não haver sofrido do rompante Haussmaniano da alargada Avenida Santo Antonio confere àquelas ruazinhas apertadas e meio indecisas próximas ao mercado o status de velharia pública. Mas só aos domingos elas são agradaveis de andar, quando todo o povo decidiu por bem ficar em casa, e só alguns sobreviventes bêbados, "sobreviventes" moradores e mais os sentinelas de sempre - cachorros vivendo em estado de total abandono, matilhas inteiras - dão o ar da graca, a meu ver, por inteiro. Durante a semana eles provavelmente fiquem num estado de interrupcão, de sono, de descuido de si... Foi um domingo que me trouxe a visão da plaquinha do seu Eli, anunciando seu trabalho, e a curiosidade me abateu por 24 horas, já que a portinha singela debaixo da plaqueta estava fechada e eu fiquei acanhado de me anunciar para ninguém. O resto da estória você pôde ter intuído daqui...

 

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